meditação

"Ás vezes caçava, outras dormia, outras lia,- lia muito,- outras enfim não fazia nada; deixava-me atoar de idéia em idéia, de imaginação em imaginação, como uma borboleta vadia ou faminta. As horas iam pingando uma a uma, o sol caía, as sombras da noite velavam a montanha e a cidade. Ninguém me visitava; recomendei expressamente que me deixassem só. Um dia, doia dias, três dias, uma semana inteira passada assim, sem dizer palavra [...]. Com efeito, ao cabo de sete dias, estava farto da solidão; a dor aplacara; o espírito já não se contentava com o uso da espingarda e dos livros, nem com a vista do arvoredo e do céu. Reagia a mocidade, era preciso viver. Meti no baú o problema da vida e da morte, os hipocondríacos do poeta, as camisas, as meditações, as gravatas [...]"(Memórias Póstumas de Brás Cubas)



Esse trecho de Machado de Assis me fez pensar muito. O personagem, autor, depois de um acontecimento trágico, resolveu se fechar, calar-se, meditar.

A melhor coisa que há para se fazer é meditar, pensar em todas as coisas certas e erradas da sua vida, pensar em como consertar os erros já cometidos, e previnir tantos outros.

Mas há uma parte, em que o autor diz "Reagia a mocidade, era preciso viver". Continuar a viver, não é preciso se meter em um casulo a vida toda meditando. Eu andei meditando demais e isso tem me levado à loucura!!! Há problemas que não se resolvem tão facilmente, há angústias do coração que ninguém entende e que também não se resolverão apenas em meditações.



Chegou a hora de correr atrás. Hora de meter no baú os problema da vida e da morte, os hipocondríacos do poeta, as camisas, as meditações e seguir em frente.