quinta-feira, 15 de julho de 2010


"Prazer, meu nome é Lucy, tenho 23 anos. Moro em uma casa grande na ensolada Califórnia. Estou solteira, aberta para novas amizades. Tenho uma vida maravilhosa! Minha irmã mais velha, Clara, está sempre ao meu lado, é minha melhor amiga; e a minha gatinha Marie é saudável e simpática."
Pronto, acho que minha descrição do Facebook está boa. Me mostro alegre, bem sucedida, e nem um pouco preocupada em arrumar um namorado. É, assim está bom, afinal, é de pessoas assim que todos gostam, certo?
Desliguei meu computador e fui dar comida à Marie, que já estava miando ao meu lado mais uma vez. Confesso que ela mal andava de tão gorda que estava.
Após uma longa briga pelo telefone com minha irmã, me deitei ao som da chuva que caía lá fora, em Boston, me sentia exausta!
Logo no dia seguinte, fui conferir os resultados da minha nova descrição virtual, e por incrível que pareça, tinha dado resultado!
Adam, era seu nome, começamos a nos corresponder, e eu me apaixonei, e ele aparentemente se apaixonou por quem eu fingia ser.
Nos demos tão bem que ele decidiu me visitar, na Califórnia.
Foi quando mais uma vez briguei com minha irmã, mas por fim consegui seu apartamento em Los Angeles por um fim de semana. Era tudo o que eu precisava, por enquanto.
Peguei o primeiro voo do dia 15 de Julho, e na mesma noite Adam já estava parado à minha porta, quer dizer, à porta de Clara.
Foi uma noite um tanto quanto embaraçosa, tive que explicar o porque de minha irmã estar em meu apartamento já na madrugada, inventei mil histórias sobre minha vida na Califórnia, inclusive sobre meu emprego, tomando o cuidado de reclamar um pouco, afinal, a vida de ninguém é perfeita.
No dia 18 de Julho, já em minha verdadeira casa, recebi uma mensagem: "Amor, não aguento ficar sem te ver, saia na sacada, tenho uma surpresa para você."
Digitei o número do celular de Adam, hesitei, mas enfim liguei.
Contei-lhe toda a verdade, disse-lhe que independente de todas as mentiras que contei, estava apaixonada e me mudaria para a Califórnia, e até abriria mão da gorda e arisca Marie.
Mas claro, ele não aceitou. Assim que desliguei o telefone percebi o quanto havia sido estúpida, e estragado a maior chance que já tive na vida.
Confesso, fingi ser algo não era o máximo que pude, mas foi inevitável. Assim como diz o ditado "mentira tem perna curta", ainda mais quando a mentira é de uma pessoa para ela mesma.

Um comentário:

  1. A mentira "acontece" todos os dias, para centenas de pessoas diferentes, de modos diferentes. É triste ver pessoas se entregando e se jogando para ela de uma maneira tão normal e simples, como se mentir fosse algo tão natural quanto respirar. ><

    Ela, a mentira, é um mal que vai e volta... E quando volta... ><'

    Lindo texto, menina.
    Fique com Deus!

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